A «profunda» queda de receitas de publicidade está a inviabilizar vários meios de comunicação social em Portugal, alertaram esta sexta-feira diretores editoriais de três grupos de média.
A Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, acolhe desde quinta-feira o «Congresso Internacional: Jornalismo e Dispositivos Móveis». O evento reuniu esta sexta-feira José Alberto Carvalho, diretor de informação da televisão TVI, Henrique Monteiro, diretor de novas plataformas do grupo Impresa, e Pedro Tadeu, diretor da agência Global Imagens do grupo Controlinveste.
A redução de receitas de publicidade na imprensa em Portugal foi apelidada pelo vários responsáveis presentes como «profunda», acrescentando Henrique Monteiro que o recuo desde 2011 é comparável a uma queda «num poço sem fundo».
Segundo referiu, a publicidade na imprensa caiu 27% em 2011, já tombou 29% em 2012 e para 2013 está prevista nova queda de «10 a 15%».
«Isto leva a que os jornais se estejam a tornar insustentáveis», referiu, considerando que «só o «Expresso», «Jornal de Notícias» e «Correio da Manhã» serão sustentáveis», exceto, eventualmente, jornais regionais com «modelos simples».
No congresso que analisa a evolução do mercado móvel, Henrique Monteiro referiu que o aumento de dispositivos digitais ainda não compensa a queda de receitas no papel, porque «a crise não ajuda a comprar objetos com 500 a 600 euros».
Pedro Tadeu partilhou das preocupações e acrescentou que, nos meios digitais, nada se faz «sem talento, nem pessoas, mas hoje os jornais estão com dificuldades em contratá-las», optando por rentabilizar os recursos que já têm.
Por outro lado, este responsável da Controlinveste lamentou que empresas como o Google, Facebook e operadores de telecomunicações arrecadem a maioria das receitas na Internet, cabendo a menor fatia aos produtores de conteúdos.
«A publicidade e algumas coisas pagas» nos formatos digitais representam «pouco» para tornar os meios sustentáveis, referiu, considerando que «a estrutura de capitais tem que mudar».
José Alberto Carvalho alertou para a previsão de que, no final deste ano, «a dimensão financeira do mercado publicitário [na televisão em Portugal] seja equivalente ao que existia em 1997».
«Cada um que imagine como se vivia em 97, com tudo o que não tinha sido inventado», referiu, alertando que na indústria dos média «não pode haver um mercado de 1997 e uma empresa de 2010».
Por ouro lado, da parte dos consumidores, considerou que o mercado de versões digitais pagas é reduzido, questionando se só poucos pagam «quais é que são as condições de sobrevivência», como é que é possível «manter uma empresa profissional» ou «pagar minimamente salários competitivos».