Boas Carlos!
Já me arrependi de ter postado isto.
"Perdi" mais de 1 hora para te responder!
A tua opinião é igual à minha. A perspectiva é que é diferente.
Para mim não está em causa o esforço, trabalho, voluntariado daqueles que o fazem, mas sim as condições necessárias para sua existência:
- incompetência governativa (local, regional e nacional). Se os recursos do país fossem administrados com responsabilidade não haveria lugar a associações de caridade, logo esta "discussão" não chegaria a existir.
- necessidades de auto-realização (
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hierarquia_de_necessidades_de_Maslow) por parte de quem as cria. Já sei que isto pode ferir susceptibilidades e eu nao sou ninguém (longe de mim) para julgar alguém em particular, mas quem garante que os actos de altruísmo não são na verdade actos de egoismo, na medida em que para satisfazer as suas necessidade de auto-realização, dedicam-se à filantropia? Não será por acaso que muitas associações, nomeadamente as mais importantes, são lideradas por pessoas que claramente já satisfizeram os níveis mais baixos das necessidades e nunca se viram incluídas nos grupos (pequenas minorias) que "protegem".
A motivação da resposta nunca foi faltar ao respeito / ser injusto ou colocar todas as instituições, associações e até intenções no mesmo saco.
Também não fiz um ataque pessoal à instituição nem fiz qualquer juízo de valor da sua actividade. Aliás comecei logo por esclarecer isso.
Apenas apresentei um princípio global pelo qual me guio para justificar o meu NÃO. Ironicamente apenas referi implicitamente o ridiculo de apelar ao sentido de responsabilidade social para obterem um serviço de borla e darem em troca "benefícios fiscais" e publicidade "caridosa", muito em voga nos dias que correm.
Ao nível particular louvo todos aqueles que dispensam o seu tempo em benefício do próximo.
Ao nível global (aka macroeconómico) julgo que 90% dos movimentos associativos de carácter social são um dos reflexos de uma sociedade que não exige a devida responsabilidade ao(s) Governo(s) e servem para tapar "buracos" dessa falta de responsabilidade.
Existem cada vez mais associações para tudo e mais alguma coisa e, cada vez mais, essas associações têm um carácter vitalício. Ou seja, os problemas mantêm-se em vez de ser resolvidos e as associações mantêm-se em vez de ser dissolvidas (não o são porque os problemas não são efectivamente resolvidos).
E por isso temos associações que competem, por exemplo, para dar de comer aos sem-abrigo de Lisboa. Louvo o esforço (por vezes se calhar ingénuo e nalguns casos também egoísta disfarçado de altruísmo) dos voluntários e não voluntários, mas crítico totalmente este regime de dar de comer em vez de ensinar a pescar (aka resolver os problemas >> exigir aos bananas que regem os contributos dos cidadãos que FAÇAM e que não passem a sua responsabilidade para a sociedade civil em formato de IPSS!).
Enquanto continuarmos com este regime de criação de Associações Vitalícias, por um lado apenas retiramos responsabilidade a quem a deveria ter e, por outro lado, mantemos as situações em que o "justo paga pelo pecador".
Compreendo que esta posição possa ferir algumas susceptibilidades. No entanto, é apenas uma perspectiva diferente daquela que nos é dada "a comer" e está enraizada na sociedade.
Da mesma forma que gostava de ver um dia os sindicatos a "mandar vir" para dentro das suas próprias organizações e exigir a retirada de direitos adquiridos a muitas maçãs podres que as constituem, também gostava de ver o Banco Contra a Fome com sacos de hipermercado à frente das Comemorações dos 100 Anos da República ou então ao lado da Assembleia junto ao parque automóvel "estadista". E fico-me por estes exemplos, que alguns chamam demagógicos, mas haveriam muitos mais...
Abraço
P.S. Nunca fiz voluntariado à excepção do meu tempo de escuteiro.
Prefiro no entanto ser rotulado de "fdp insensível" que prefere o "ensinar a pescar" e, na melhor oportunidade, ajuda alguém directamente, do que "caridoso hipócrita" que prefere a manutenção do estado actual das coisas, enquanto lava a sua consciência com os seus actos "altruístas".
P.S.2 Estas palavras não são dirigidas a ninguém em paticular.