Sim, o melhor é fazer o que o Diogoosorio disse, o problema é que isso pode não resolver nada. Porque? Porque o devedor pode simplesmente ignorar a carta e depois nada feito.
Depende muito do valor em causa e de quem é o cliente. No exemplo que dei acima, o cliente era uma empresa, havia um contrato envolvido e acima de tudo era uma organização com sentido de responsabilidade.
Mas o facto era que eu não conseguia que me pagassem. A carta do advogado (e posterior contacto telefónico), foi mais um "desbloqueio" da situação - em si não resolveu nada, porque calculo eu que cartas como aquela estava a organização em causa, farta de receber - mas deu-me margem para convocar uma reunião e marcar uma posição. Compreendia as dificuldades deles, estava disposto a colaborar, mas queria receber...
Óbvio que só tomei essa iniciativa porque achei que ia surtir algum tipo de efeito, e porque o montante o justificava.
Hoje em dia a abordagem tem de ser pragmática. Quem trabalha a recibos não tem só a "piçada" de ser taxado até aos testículos em termos fiscais - quem já anda nestas andanças, sabe sempre que manter um fluxo de caixa é uma tarefa hercúlea, porque nunca sabemos bem quando nos vão pagar.
Dito isto, exceto para um conjunto muito bem definido de clientes (com os quais tenho um
background já estabelecido e que sei que o risco de me falharem é largamente compensado pelo proveito que me dão), há necessidade de estabelecer
contratualmente milestones bem definidas - chegada à fase x do projeto, y tem de ser libertado. E até tal acontecer, tem de haver um entendimento de ambas as partes que o projeto é "suspenso" (e atenção que isto tem de ser
deixado bem claro antes da adjudicação do projeto).
...
Esta é uma das razões porque se diz que um sistema judicial decente é pedra basilar para a competitividade de um país. Toda a gente sabe que para valores deste tipo, muito dificilmente alguém dará entrada a uma ação judicial - é demasiado caro e sobretudo demora
demasiado tempo.
E neste tipo de situação estás, muito basicamente, à mercê do cliente...